Tudo o resto pode esperar
Cuida como gostarias de ser cuidada. Antecipando as necessidades do bebé. Apaziguando o seu choro com o calor do teu colo. Tudo o resto pode esperar.
Escolher (bem) os acompanhantes de parto
É preciso que o acompanhante seja uma figura securizante. Que conheça e respeite as escolhas da mulher. É preciso que os acompanhantes se preparem, para que a sua presença no parto tenha um efeito útil.
Para cada obstáculo à amamentação, há uma solução
Na grande maioria dos casos, a intervenção na amamentação é mínima. Exige um olhar atento e conhecedor, que permita corrigir a pega, se necessário, e verificar se há efetiva transferência de leite do peito para o bebé.
O bebé consegue encontrar a mama
Nas primeiras horas de vida os bebés não precisam que os coloquem na mama, não precisam que lhes ajustem a posição do corpo e da cabeça, nem precisam de ser ensinados a mamar. Deitem os filhos no peito das mães e fiquem a assistir ao poder da natureza. À busca, ao namoro, à rendição.
Impacto do parto na amamentação
O uso de fármacos (como a epidural) pode conduzir a atrasos nos reflexos do bebé e dificuldades na sucção. A administração de soro endovenoso pode provocar edema (inchaço) na mama, mamilo ou aréola, fazendo com que seja mais difícil para o bebé fazer uma pega eficiente.
Dedica tempo a preparar o pós-parto
É de uma importância extrema estares apoiada nos primeiros dias. Por alguém que te faça sentir confiante e segura. Que te dê um abraço sentido. Que reconheça o processo transformativo em que te encontras. Que saiba que tornar-se mãe dói. Que ajude a criar condições para que a vinculação entre ti e o bebé se estabeleça de forma tranquila.
Luto a duas velocidades
Para ti é mais fácil a cada dia, é seguir em frente. Para mim é não conseguir que o futuro se sobreponha ao presente. E é nisso que estamos juntos. No desencontro.
Baixa produção de leite
A baixa produção de leite não é uma sensação, uma opinião, um achar porque "a mama agora está sempre vazia", "o bebé chora muito" ou "quando dou suplemento ele dorme 5 horas seguidas".
Maternidade (im)perfeita
Acredito que quando se fala do que é humano não é preciso acrescentar "imperfeito", porque a falha já é intrinsecamente parte de nós. Ou seja, a maternidade não é imperfeita, é antes perfeitamente humana. A maternidade imperfeita nada mais é que a maternidade, ponto, que não precisa de trazer às costas um adjetivo que a diminui.
Visitas com amor e moderação
Querida visita, nada disto é sobre ti. Não é uma forma de te excluir. Na verdade, tu és quem menos importa no meio disto tudo. Em breve tudo vai serenar e serás bem recebida. E chegarás muito a tempo de fazer parte da vida deste bebé.
Epidural com consciência e sempre a tempo
A epidural pode contribuir para uma experiência de parto positiva. Mas para que a decisão seja informada, há que ter em conta os possíveis efeitos colaterais.
Razões para escolher um parto domiciliar
O parto desenrola-se num ambiente familiar. Conhecemos os cantos à casa, sentimo-nos seguras e donas daquele espaço. Somos a maior autoridade presente.
Entre mundos ao nascer
Mesmo depois de nascer, o Nico ainda estava dentro de mim. A placenta ficou no útero e ninguém cortou o cordão. Através dele, células que foram sendo absorvidas pelo seu corpo continuaram a circular. Era como se o bebé estivesse cá fora e lá dentro ao mesmo tempo. E eu senti-me grávida e puérpera em simultâneo.
Maternar em esforço
Sobrevivendo ao dia, à espera do alívio da noite. Sobrevivendo à noite, antecipando a dureza do dia. Assim me arrasto. Hirta por fora, mole por dentro. Uma lama sem forma. A engrenagem invisível a que não se dá valor porque nunca parou.
Sentir a dor do parto para quê?
O que se sente ao entrar em trabalho de parto sem perspectiva de uso de analgésicos, é mais ou menos aquela sensação de adrenalina de quando se está a segundos de deixar cair o corpo de um avião em queda livre. É um não quero, mas quero. A excitação de viver por inteiro, de poder acrescentar mais uma experiência ao rol das mais marcantes da vida.
Pôr a maternidade em pausa
Não posso simplesmente pôr a maternidade em pausa. Dar-me 3 dias para recuperar e voltar revigorada. É um contínuo. Que não se suspende porque "hoje não me convém". E o peso desta responsabilidade faz-me pensar nos meus amigos sem filhos. E dou por mim a tentar deslindar porque tive filhos. Porque raio temos todos.
E se eu morrer no parto?
Quando se aproxima a data do parto, ocorre-me sempre que posso morrer. Há mulheres que morrem. E tenho medo. Não por mim (creio que me falta real consciência das consequências da finitude). Não pelos meus filhos, que mesmo privados da mãe, seriam felizes, amados e bem zelados. Mas por ele.
Não digas “O meu filho não quer/gosta/sabe mamar”. Ele não consegue
O bebé quer, sim, mamar. Para ele, não existem alternativas. Treinou toda a gravidez. Não é uma escolha. É a norma biológica. É sobrevivência. Então porque não mama? Porque não pega? Porque não abocanha? Porque não suga? Provavelmente porque não consegue.
Enquanto os filhos dormem
Este amor magnificado, que se sente no silêncio da escuridão, enquanto os filhos dormem encostados a nós, que me engole e me faz ter consciência da minha impotência e pequenez, é a grande dádiva da maternidade. Vivo cada dia para o consumir, qual droga viciante.
Como é que o convenceste?
Ainda bem que ele se preparou, que assistimos juntos a documentários, que falámos sobre os nossos medos, que aprendemos sobre a mecânica do parto.